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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vês a pedra? Vês o cardo?



Vês a pedra? Vês o cardo?


Vês a pedra?
Vês o cardo?
Sentes a ponta acerada que se crava em tua mão
Afiada pelo tempo
Com a agrura da razão?
Soltas o grito de dor que te brota da garganta
Quando te espanta o tormento dos dias
Feitos sem chão?

Vês a pedra?
Vês o cardo?
Vês os caminhos agrestes
Que trilhas entre ciprestes
Como avenidas da vida
Ponto de fuga e ruído que perspectiva
Saídas
Nos percursos descobertos?

Vês a pedra?
Vês o cardo?
Recordas o manto pardo que jorra
Da noite fria
Como fonte de agonia?
Percebes que o mar confina
Quando a terra te maltrata?

Vês a pedra?
Vês o cardo?
Vês por entre a densa mata
O caminho que percorres?
Porque só no fim tu morres
Tu que és a esperança nascida
Só porque desde o nascer
Tu corres de encontro à vida.

Miguel Esteves Cardoso

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