Seja bem-vindo. Hoje é

terça-feira, 12 de abril de 2011

Condor



Foste um sonho no azul. Viste rolar de perto
A áurea roda do Sol. No etéreo sorvedouro
Do infinito, escutaste os temporais em coro,
O barulho do céu de mil nuvens coberto.

Asas ao vento, a bater no firmamento aberto,
Quanta vez, negro e só, viste, espantado, o louro
Bando de astros faiscar no intérmino Deserto
Como constelações de borboletas de ouro!

E subiste... A Amplidão te acalentou nos braços
Largos. Alto, a rolar, embalde o Sol faiscantes,
Crespas ondas de luz golfejou nos espaços.

E caíste, afinal, palpitante e convulso.
E hoje, guardas no olhar as mil nuvens distantes,
- Astro frio e sem luz, dentre os astros expulso!...

Humberto de Campos
In ‘Poesias Completas’ (1933)

Nenhum comentário:

Postar um comentário