
Minha mãe! minha mãe! Tu, que adivinhas
esta mágoa amaríssima que eu canto,
tu, que trazes as pálpebras de pranto
cheias, tão cheias como eu trago as minhas;
tu, que vives em lágrimas, e tinhas
a vida, outrora, tão feliz, enquanto
deste teu filho, que tu queres tanto,
todas as mágoas serenando vinhas;
tu, que do astro do bem segues o brilho,
pede ao Deus que, apesar das tuas dores,
ainda persiste a castigar teu filho,
que eu não morra a sofrer, como hoje vivo,
esta angústia de uma árvore sem flores
e esta mágoa de pássaro cativo.
Humberto de Campos
In ‘Poesias Completas’ (1933)
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