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terça-feira, 12 de abril de 2011

TUAS CARTAS



Tuas cartas rasguei uma por uma:
Cento e quatorze páginas e tiras
De confissão e juramento: em suma,
De perfídias, de enganos, de mentiras.

E chorei, ao rasgá-las! Tinha alguma
Cousa implorando contra as minhas iras
Em todas; e, hoje, irritação nenhuma
Neste peito verás, por mais que o firas.

Eram mentiras, eu bem sei... No entanto,
Cada rompida página era um cardo
Que enterrava do peito em cada canto.

E eis porque, pelo chão, após instantes,
Os pedaços juntei... e agora os guardo
Com mais amor do que os guardava dantes!


Humberto de Campos
In ‘Poesias Completas’ (1933)

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